quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Seu toque


                                                          
   Por várias vezes já falei sobre o que sinto quando me toca, do quanto isto é especial, único. Mas, ainda que eu tenha absoluta noção desse significado, houve um momento em que fui surpreendida.
  Eu sei, e me permito afirmar, que sei mais do que muitas pessoas até, a importância que tem o toque, o que significa, representa, traduz. É aquele momento em que a pele se entrega a ele, porque o toque para ser real tem que haver a entrega, a permissão.
  "Encostamos" uns nos outros várias vezes ao longo de um dia,estendemos a mão, oferecemos o rosto a um beijo, beijamos, até arriscamos abraços, mas tocar é diferente!     Tocar é quando você permite, se entrega, se deixa sentir o contato com o outro, saber, ainda que apenas por rápidos minutos, quem é aquela mão, aquele corpo, que universo é aquele que esta ali, tão junto ao o seu.
  O toque tem detalhes que são somente seus, tem seu silêncio, sua temperatura, seu batimento cardíaco, numa mistura quase exata de quimica e emoção. Não importa onde ele ocorra, há toques públicos, com tempo cronometrado, que ainda assim são capazes de desencadear uma avalanche de reações por um dia inteiro, há toques que não são permitidos, onde se busca uma desculpa qualquer para tocar ainda que "sem querer", mas que são segundos de entrega pura, há os toques disfarçados, medrosos, seja por serem proibidos, ou ainda não sabidos, mas ambos são deliciosos e buscam ansiosamente se mostrar, falar o que sentem, pedir o que querem, quase gritam.
  Tocar acho que é isso. As mãos alcançam onde as palavras não chegam! Quando já falamos tudo que sentimos, já choramos, já consolamos, e parece não haver mais palavras a serem ditas, o abraço consegue traduzir o que falta, o colo dá o conforto necessário, um simples tocar no rosto nos devolve o chão.
  E tem o toque que arrepia, que tira o chão, que rouba o fôlego, que desperta a pele, e se este mesmo toque ainda consegue falar, traduzir sentimentos, numa mistura exata de amor e desejo?
  Foi neste momento onde me surpreendi! Percebi, entre assustada e encantada, o que era este toque. Que você conseguia me tirar o eixo com um toque, eu já sabia há tempos, mas ali, naquele momento me dei conta do que era isso, da proporção disso tudo.
  Talvez os últimos dias, tudo que vem nos acontecendo tenha feito isso vir a tona, assim, desta maneira tão intensa, como se eu estivesse "olhando" minha reação, olhando o que seu  toque na minha pele me provocava.
  Eu não queria que tirasse suas mãos de mim, que deixasse de me tocar, não queria que nada mais se movesse, tudo que eu queria era poder permanecer ali, apenas sentindo seu jeito de me tocar.
  E tocando nas minhas costas! Não era o que poderíamos chamar de toque mais intimo, ainda que em meio a um beijo e a tanta urgência, mas ainda era um toque nas costas, um abraço, onde suas mãos me seguravam pela cintura, pelas costas, me apertavam.
  De tudo que me fez sentir ali, o que mais gritava era uma certeza maluca de que o que você estava segurando era seu, sempre tinha sido, e de que você também sabia disso, e cada vez que eu segurava suas mãos para mante-las em mim, queria me certificar de que você nunca mais se esqueceria disso, de que não estava tocando em alguém que não deveria tocar, estava tocando, abraçando alguém que pertencia a você, mesmo que tudo ao redor tentasse mostrar o contrário.
  Sentia em você quase a mesma urgência do primeiro beijo. A primeira vez que nos beijamos, e já admiti isso, senti uma urgência imensa em você, você me beijava como se estivesse gritando para que eu tirasse você de algum lugar, te socorresse, te salvasse de alguma coisa. E foi assim que me tocou desta vez, quase com a mesma urgência, quase como um pedido.

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