Infidelidade

        
UM OUTRO LADO
                                                                         
  Sempre gostei de acreditar que habitamos várias peles ao longo da vida. 
  Algumas escolhemos cuidadosamente, nos preparamos, ensaiamos, decoramos e nos mudamos, mas outras simplesmente nos invadem, como uma possessão desenfreada de sem terra em áreas improdutivas!
  E nestes peles atropelo, me vi habitada pela outra! Ingrato rótulo. 
  A "outra" invariavelmente já nasce com sobrenome: vagabunda!
  Podem se equilibrar entre dois empregos, uma faculdade, um mestrado e um curso avançado de alemão, que ainda assim serão vagabundas! Destruidoras de lares, vilãs, mulheres nada confiáveis!
  Não falo alemão, mas me equilibro heroicamente entre várias peles que necessito habitar!
  E sem dúvida nenhuma, dentre estas peles, a pele de outra está longe da perversão vendida!
  Vamos esclarecer o básico, não a escolhemos, (não afirmo isto enquanto regra, devem existir outras por escolha em alguns lugares, estranha escolha na minha opinião), somos tomadas, quase atropeladas!
  Atropelos que algumas vezes, mesmo que para o mundo todo seja pelo caminho errado, ainda assim nos apresentam nossa verdade, nos tornam inteiras, paradoxalmente verdadeiras!
  Verdade habitada na mentira, e acho que esta dualidade seja o maior desafio enfrentado!
  Me ver habitando toda doçura, carinho, a entrega, o amor, o tesão, amizade, admiração, confiança, não a perfeição, mas a maturidade e serenidade de descobrir e aprender que era aquele amor que sempre quis, cheio de defeitos, mas com uma vontade verdadeiramente absurda de estar junto, aprender junto, ensinar, trocar. 
  Descobrir que não é necessário mudar ninguém, que é possível serenar, respeitar e viver junto sem a concordância plena, ao contrário, admirar a individualidade, as particularidades, os detalhes, num encontro de imensas sintonias e afinidades.
  Encontrar quietude e verdade na maneira de olhar e querer parar o mundo ali, no abraço, na voz, na presença! 
  Esta é a pele que habito há algum tempo!
  Não me sinto destruindo um casamento, uma família, não o acho destruindo uma família, afinal família também tenho. Não escolhemos de forma racional por esta pele! Mas não podemos nos mudar dela mais!
  Casamento é relação a 2, onde 2 devem cuidar, acalentar, guiar, compartilhar suas alegrias e lágrimas! É um desafio que muitas vezes começa de maneira inconscientemente irracional!
  A frase, "ele/ela mudou muito" já se tornou uma frequente nas queixas matrimoniais. Claro que mudou! Mudar é a única permanência da vida graças a Deus!
  Casamos com uma pessoa completa, que traz suas inquietudes, necessidades, frustrações e monstros! E toda esta miscelânea de informações e emoções se alternam, se transformam, se questionam e claro, nos transformam!
  E habitando nosso umbigo, nos enchemos de razão, apontamos o dedo e denominamos as mudanças: "ele/ela mudou para pior, não é mais a mesma pessoa". 
  Se abaixarmos o dedo e respirarmos fundo, descobriremos que também não somos! Mas somente a maturidade possibilita esta reflexão, na falta dela, bate o egoísmo, começam as reclamações e o distanciamento as vezes torna-se inevitável. A responsabilidade será sempre a dois, talvez o pecado de um seja a ação, do outro a omissão, mas serão sempre 2 pecados!
  Não há culpa, não pode haver culpa em tanta verdade! 
  Amo, e estou inteira naquele abraço que me traz a certeza de que ali é meu lugar no mundo, apenas nos atrasamos!
  Posso me achar covarde por muitos momentos quando olhando ao redor, questiono o porque simplesmente não recomeço, não assumo, não experimento! Mas basta ampliar o olhar para encontrar olhinhos que ainda precisam do nosso, da nossa segurança, nossa força, nossa mentira! 
  Amo, e continuo inteira neste amor, distante dos rótulos, das facilidades.
  Dormir ao lado de uma pessoa desejando outra, retribuir um beijo, um toque, um gesto, sorrir, fingir, dividir natais, aniversários, férias, esconder lágrimas, disfarçar saudades, desejar sem poder o beijo, o som, a companhia a cada madrugada, o abraço a cada dificuldade, não é a pele mais confortável que alguém pode habitar, mas com toda certeza pode ser a mais verdadeira!
  Também não pretendo fazer desta uma verdade inexorável, o que vemos sempre vai depender do lado do muro que estamos, e este é o meu! 
  Mas aqui do meu lado, cada segundo que posso viver e compartilhar vale muito a pena! Verdadeiro demais para ser pecado!
MM

                      
SE ME TRAIR, EU TE MATO! MATO?
  Numa conversa recente com um amigo querido, ele me contou com uma expressão assustada, que durante um papo com sua esposa, quando o tema era traição, ela olhou nos seus olhos e afirmou categoricamente: "se você me trair, eu te mato!".
  Adoro este lado feminino, mais divertido que isso, só mesmo esta credulidade masculina, quando nos armamos com nossa melhor cara de má e soltamos esta ameaça.
  O que esquecemos de contar a eles é que este é quase um mantra no nosso universo, "se me trair, te mato"! E o pior é que eles de fato se sentem ameaçados de morte, acreditam nesta possibilidade..rs
  Meninos, respirem, relaxem. Esta é só uma frase tipicamente feminina como tantas outras, é só dar uma olhadinha ao redor: quantas mulheres de fato matam seus homens por serem traídas? No máximo puxam os cabelos e dão uns tapas,...mas na amante na maioria dos casos!
  Falamos isso para demonstrar poder, mostrar força, determinação, marcar nosso território machistamente e principalmente, porque sabemos que vocês irão acreditar e com isso temos a esperança, remota é verdade, de que pensem 100 vezes antes de pular a cerca, ou então porque estamos praticamente certas de que já ganhamos um adorno cefálico, dai, esta frase é puro desespero mesmo, receio de perder o posto!
  Mulher traída quase sempre se volta é contra a outra mulher, e nem é pra matar também, é pra descer do salto mesmo, puxar cabelo, morder, bater na cara e claro, chamar a plenos pulmões : "vagabunda"!!!!! Não importa se a amante tiver 2 empregos, para uma mulher traída, a outra será sempre vagabunda!
  Despeito puro, inveja feminina, necessidade de entender o que afinal seu querido viu em alguém tão sem graça? Mesmo se o cara tiver tendo um caso com a sócia da Flávia Alessandra, isto não irá fazer a menor diferença, a outra já nasce destinada a ser uma vagabunda sem graça nenhuma!
  Quanto ao traidor cachorro, se ele fizer um sacrifício, incorporar uma raça mais dócil tipo perdido na mudança, se armar de uma voz melosa e concordar que a outra não tem graça nenhuma, não precisa concordar que é vabagunda, basta dizer que não tem graça, poderá até ter alguma chance de perdão!
  No fundo não existe mulher durona que resista a um "doce e perdido cachorro de latido manso", mesmo que seja apenas para preservar o patrimônio, a aposentadoria, ou os móveis da sala!



         AMORES DE ALTO RISCO            
                                                                
 "Não tenho pretensão alguma neste momento. Não planejo conto, crônica, relato, não estou fazendo planos, estou apenas querendo encontrar as palavras ! 
  É aquele momento em que, de repente você se dá conta de que tem um monte de verdades correndo atrás de você e o que é pior, (ou melhor ainda não me decidi...) há tempos ! Te cobrando posturas, te exigindo escolhas, te boicotando decisões, te tirando o sono.
  Estou assim ultimamente. Só não compreendo por que somente agora resolvi admitir,
aceitar !  
  "Tudo tem seu tempo certo", - esta é uma das minhas frases preferidas. Vai ver está nela minha explicação. Mas o que está realmente diferente? Acordei a mesma mulher que se deitou ontem, com as mesmas angústias, as mesmas alegrias, os mesmos sonhos, os mesmos desafios. Apenas talvez hoje eu queira uma nova conquista. Decidi conquistar algumas "minhas verdades"!  
  De todas minhas faltas, a falta de me sentir amada sempre foi a que mais me pegou. Claro que já vivi alguns amores, que já ouvi declarações apaixonadas, juras de amor, já me apaixonei e fui devidamente correspondida! Aliás, nunca vivi amores platônicos. Não sou nenhuma beldade, mas nunca deixei de ser correpondida por alguém que queria. Porém nenhum destes amores me pegou de jeito! 
  Posso ser mais romântica que o necessário, desejar o que não existe, idealizar o impossível, mas a verdade é essa, nenhum dos meus amores vividos me pegou pra valer!    Não queria um amor que me completasse, não sou meia laranja! Queria um amor que me acrescentasse, que compartilhasse meus sonhos, ainda que não sonhasse igual, que mesmo olhando o mundo com olhos próprios, conseguisse também admirar minha visão, que estivesse em casa todas as noites para jantarmos, dividirmos os acontecimentos do dia, que compartilhasse o prazer das fraldas, e primeiros dentes, que me desse colo, e aceitasse cafuné, que escancarasse seus medos, fraquezas e dores, sem o receio tolo de me parecer menos forte, que fizesse eu me sentir linda, gostosa, desejada q cada vez que me olhasse, que fizesse eu me sentir inteligente, forte, a cada vez que eu chorasse, que me fizesse sentir protegida e segura a cada abraço seu ! Ironicamente, encontrei! Um amor que me pegasse de jeito, e agora estou aprendendo a lidar com estas verdades que teimam em incomodar, em querer conversar!
  Ele tem virgulas, tem acentos, tem uma pontuação própria. E eu sei (por mais que venho tentando não saber..) que sua pontuação final será essa : ponto final!
  Ele me deixa opções, eu poderia pontuar antes, terminar logo com isso, ou então ir colocando reticências, e mais reticências. Nunca pensei em pontuar antes, fico com as reticências mesmo. Mas decidi que não irei me importar mais com a sequência destas reticências, não me importo se iremos falar : -A vida que irá nos separar, ou nossa situação, ou o destino, ou a vontade divina. Me importa hoje é que decidi viver tudo que estas reticências nos permitem, antes que elas venham acompanhadas de mais alguém ! 
  Não cabe nós desculparmos, por aquilo que já existia antes de nós existirmos, mas também não podemos nos desculpar por existirmos. É bom, aliás, é muito bom! Muito bom não, é perfeito (desculpem aqueles que não creêm em perfeição..) mas é a minha perfeição desejada! Que se encaixou e me acrescentou.
  Vamos vivendo assim, driblando as vírgulas, respirando nas reticências, e não pensando no ponto. Mas quando ele chegar, não importa colocado por quem, terá valido a pena, terá sido pleno, verdadeiro, completo, teremos sido felizes na maneira que nos foi permitido. E vou seguir te aguardando, com a certeza de que no próximo encontro viveremos tudo aquilo que as vírgulas não permitiram desta vez !"
MM



LEAIS TRAIÇÕES                  
  Casamento amigo.
  Gosto dessa expressão para definir casamentos de anos, onde prevalece a cumplicidade, o respeito, o carinho, o amor, mas sem nenhuma paixão mais! Nada contra, não julgo nem recrimino! Algumas vezes é a melhor opção, a relação mais segura, a mais serena, ou o que temos para o momento!
  A paixão pode gerar pequenos conflitos claro, carrega consigo muitas vezes uma dose generosa de ciúmes, de insegurança, de adorável insanidade! Mas ainda acho sua companhia deliciosa!
  Mas existem muitos casamentos amigos por ai, e em alguns ainda restam momentos desta adorável insanidade, que podem gerar curiosidade, dificuldade de compreensão!
  É meio um paradoxo pensar que um casal que vive sem paixão, sem tesão, onde a cama é apenas parte do contrato, vivenciem ocasionalmente cenas de ciúmes, de cobranças, desconfianças.
  O que alimenta a passionalidade quando a paixão se muda afinal?
  Convenções talvez, vivemos em meio a uma série delas, afinal se optamos por preservar o casamento, mesmo tendo se tornado o "casamento amigo", há convenções que são intrínseca a ele e que devemos cumprir, caso contrário este casamento ficará insustentável em algum tempo!
  Não se sobrevive muito tempo vivendo com um outro que não se importa se chegamos as 20:00 ou 23:00, nem se vamos ao dentista ou a academia, que nunca nos faz um elogio, um carinho, um olhar! Mesmo quando estamos ligados no automático, e tudo se torna quase mecânico, somos alimentados em nossas relações pela atenção do outro, ainda que ela venha em notas falsas e suaves prestações!
  Já fiz carinho para evitar discutir, já iniciei o sexo para preencher o silêncio de um fim de semana, ou apenas para passar a mensagem de "ei, continuo aqui, e continuamos casados", já fingi ciúmes para valorizar, já preservei rituais conjugais apenas para amenizar a culpa!
  A culpa pela própria covardia, a escolha silenciosa pelo casamento amigo, pela aceitação a ser menos, a fazer menos! Justo eu, que sempre preguei que se estamos aqui, é para sermos e fazermos felizes! Mas admito sem culpa que já vivi para as convenções e sobrevivi inteira, ou quase, a elas.
  Quando fazemos uma escolha, ela deve ser abraçada por completo, ter nosso melhor, nosso mais inteiro permitido. Claro que vai doer, soar hipocrisia, bater saudade, vontade correr e gritar as vezes, gerar críticas, mas somos mulheres, e acredito que em algumas fases dessa condição sejamos capazes de pedir para o "ser feliz" nos esperar mais um pouco.
  Separar dói, sempre e muito! Mesmo quando o que a vida está nos oferecendo for doce, seguro, inteiro, mesmo quando a vontade ao recomeço for enorme, quando a saudade já está gritando, pedindo, quase implorando. Ainda podemos ser capazes de esperar, suportar!
  E o motivo para esta espera será sempre muito, muito valioso!
MM


INFIDELIDADE
                                                          

  Numa conversa recente com um grupo misto de amigos, um tema específico se tornou alvo de calorosas defesas e argumentações: a infidelidade e suas facetas.
  Acredito de fato que não funciona igual para homens e mulheres, acho que desde os limites que levam a ela, até suas consequências  são diferentes para cada gênero. Mas agora não vou aprofundar nestas facetas todas não, vou me ater as reações do traído (ou traída!!).
  E também não tenho pretensão alguma de falar sobre regras, não acredito muito nelas, talvez estatísticas, quem sabe!
  Mas observem, quando alguém é traído, se for homem na hora daquela fatídica conversa franca e tensa a pergunta que não cala é simples : Você "deu" para ele?? Mas se for a mulher a traída, a pergunta mudará para "Você esta apaixonado?"..
  Acho que para os homens a infidelidade tem um peso muito forte da vaidade própria, daquela coisa de macho alfa, que não tolera sua mulher gemendo na cama com outro homem, estar ou não apaixonada se torna detalhe perto do risco eminente de descobrir que o tal sujeito arrancou mais gemidos de sua cara metade! Isso sim é a morte masculina!!
  Enquanto para nós mulheres, a tal pergunta "Você esta apaixonado?" trás o medo avassalador de que nosso amado tenha beijado na boca apaixonadamente, andado de mãos dadas, abraçado apertado depois do sexo, dito palavras doces olho no olho,...não estas coisas mulher não segura!
  Bate aquela neura modelo monstro do tipo "porque ela,...o que ela tem que eu não tenho,...você a ama como me amou,...? e todo aquele estoque interminável de lamúrias e resmungos femininos que nos acometem no auge de nossa ira!!
  Ou seja, podemos simplificar e identificar nossos ciúmes da seguinte forma: homens sentem ciúmes do corpo, e nós da alma!
  Um homem até pode segurar a barra de sua mulher dizendo que se apaixonou por outro mas não foi para cama com ele,  pode até conseguir perdoar, conversar,..mas segurar o sexo feito com outro ???? Muito mais difícil!!! E nós talvez tenhamos a capacidade de perdoar a transa casual, só tesão, mas perdoar o olho no olho, as conversas no diminutivo?? Impossível!!!
  E de forma alguma acho alguma destas reações menores ou menos valorosas que a outra! Apenas mais uma de nossas diferenças!
  Portanto, meninos se forem trair, por favor evitem se apaixonar...kkk...

Nenhum comentário:

Postar um comentário