segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Adorável atrapalhado

                                                                   

  Acho que alguns gostos nunca mudam! Crescemos, amadurecemos, mudamos, mas estes continuam ali, nos acompanhando, no máximo se aperfeiçoam!
  Me lembro que na infância, lá pelos 6, 7 anos, meu primeiro namoradinho, daquele tipo que só nos sabemos, foi um japonezinho, magrinho, amarelo, de óculos e cabelos espetados,  sem charme nenhum! Exceto sua grande inteligência! Minhas amiguinhas riam e diziam não entender o que eu via de tão lindo nele! Nem eu!
  Anos depois, entrando na adolescência, fui percebendo que só olhava para aqueles que as outras meninas achavam sem graça: os mais tímidos, geralmente de óculos, atrapalhados, sem noção nenhuma de moda, se gaguejassem então, eu já ia pensando em casamento! Mas sempre eram estes os mais inteligentes e fui descobrindo que eram também os mais carinhosos!
  Uma vez namorei um menino que durante uns 6 meses de namoro, deve ter levado uns 586 tombos na minha frente! Parecia que ele tinha 3 pés de tanto que tropeçava neles! Mas era lindo, atrapalhadamente lindo!
  Algum tempo depois, namorei outro que era considerado insuportável pelo colégio inteiro, só porque vivia para estudar, nada de baladas ou bagunças, além claro, de usar óculos, ser meio gago e nunca ter sido apresentado a um pente! Claro, era igualmente lindo!
  Anos mais tarde, depois de namorar alguns gagos, outros atrapalhados, outros despenteados, ou tudo ao mesmo tempo, me casei! E com um "tímido de óculos e com sensibilidade e inteligência gigantes"!
  O casamento não durou muito. Óbvio que nem o óculos nem a timidez foram os motivos, apenas éramos muito jovens e imaturos. Mas valeu muito e nos fez muito felizes pelo tempo que tinha que ser!
  Arrisquei tempos depois uma relação com alguém de perfil diferente, sem cara de bom moço nem de sofá! Escolha errada, não funcionou bem!
  Até esbarrar de novo com outro atrapalhado, de óculos, que gaguejava toda vez que sentia medo, que sentia medo demais de tudo, era um poço de sensibilidade e acreditava plenamente que não tinha charme algum! Mal sabia o quanto era lindo! Mal sabia o quanto era inteligente, interessante, impossível não me encantar!
  E me apaixonei! E foi o melhor e maior amor da minha vida! E acho que me fez entender de uma vez o porque sempre preferi os assustados, tímidos, de óculos e meio gagos: eles são mais verdadeiros, mais inteiros, mais apaixonados, mais doces!
  Não precisam e nem querem disputar ou provar nada, não necessitam parecer fortes o tempo todo, não querem nos mostrar que sabem de tudo, que conseguem tudo, baixam sua guarda sem receio de parecer fracos, compartilham seus medos, mostram suas lágrimas e inseguranças sem se darem conta o quanto tudo isso os tornam fortes. 
  E no sexo tudo fica ainda melhor: é como se houvesse uma mistura de timidez, dedicação, encanto, carinho e desejo! Não existe a ansiedade de parecer o foda, o cara, o gostosão! É apenas o deixar rolar, o fazer e o deixar fazer. E o sexo torna-se perfeito!
  Sem dúvida, foi o melhor sexo da minha vida!
  Sem dúvida, foi o homem mais forte, mais verdadeiro e doce que já encontrei!
  Deliciosamente atrapalhado, deliciosamente gago, deliciosamente lindo!
AN


E tempo depois, ainda não parece depois...


                                                                             
                           

  "Não sei saber ainda se o tempo passou rápido ou tem se arrastado. Sinceramente, embora ainda conte os dias, guarde as datas, parece que os dias continuam meio estranhos, sem muita coerência, embora cheios, atropelados.
  Acho que sempre serão muitos os minutos, as horas de viagem. Sempre vou me deixar levar por lembranças, saudades, imagens, questionamentos, sei lá, acho que isso sempre vai ser eu agora!
  E ontem, numa destas viagens, novamente me flagrei tentando entender se afinal existem amores errados?
  Acho que não! Não há amor feio, amor errado, amor fora de hora!
  Brincamos tanto com nosso "atraso", mas descobri que não houve atraso! Fomos o que precisávamos ser um para o outro e no momento em que precisávamos ser um para o outro! Simples assim!
  E se hoje seguimos separados, foi nossa escolha e se hoje ainda penso em você todos os dias, deve ser minha escolha!
  Acho que escolhi as músicas que tocam cada vez que ligo o rádio no carro, afinal, sempre falam de você, de nós dois. Escolhi aquele tom meio alaranjado no céu cada vez que começa a entardecer, escolhi pinta-lo assim, só para me lembrar de você. Escolhi os filmes da tv que cismam em contar estórias que me fazem pensar em você, escolhi perder o sono na madrugada só para ouvir o silêncio e pensar se você estaria acordado, escolhi aquele jeito que meu cachorro me olha, cheio da cumplicidade de quem presenciou tantas conversas nossos ao telefone, escolhi cada silencio que teima em ficar cheio de você, escolhi cada barulho que nunca consegue se fazer maior que meus pensamentos, escolhi achar que política, saúde, moda, culinária, economia, mercado financeiro, física quântica, astrologia, artes e toda infinidade de assuntos que habitam o mundo me lembram você...
  Não adianta muito querer evitar mesmo, se basta olhar para mim para me lembrar de você!"
AN

A leveza de ser bem comida


                                                                           

                                                 


  E outro dia, num papo de mulheres sobre mulheres, veio a tona a questão: afinal, mulher bem comida é mais feliz, segura melhor os trancos da vida?
  Claaaaro que sim! Isso na minha humilde opinião!
  Sem preconceitos ou conceitos machistas, mas vamos deixar de hipocrisia e admitir de uma vez: toda criatura com sexo em dia e bem feito, encara a vida com mais leveza sem dúvida nenhuma!
  Por mais que a gente torça o nariz para aquele comentário de que fulana que vive de mal humor está é com falta de sexo, sabemos que no fundo, que nem precisa ser tão fundo assim, isso tem um fundo de verdade! Mas não é só a fulana, os fulanos também! Se não tiver escolhido a abstinência, toda criatura precisa de sexo!
  Basta olhar ao redor e observar. Aquela conhecida, colega ou amiga, que vive cismando com pequenos detalhes de tudo, implicando, observando, exigindo, que reclama quando está frio, reclama quando esquenta, reclama quando chove, reclama da cortina, do piso, do trânsito, fala mal da manicure, do frentista, do personal, do chefe, do cachorro do vizinho, conta com detalhes  como está quando você pergunta como ela está e sempre tem novas lamentações na pauta do dia, oscila de humor excessivamente, você nunca sabe se vem um sorriso ou uma pedrada, nunca sabe se quer uma feijoada ou se começou outra dieta, enfim, aquela mulher que parece viver numa eterna TPM, provavelmente está na bad sexual, ou ainda mais grave: sem sexo! Nada desestabiliza tanto o humor de uma mulher como a falta do sexo bem feito!
  A gente segura falta de grana, virose, chefe chato, nota baixa de filho, greve de metrô, se soubermos que a vida sexual está em dia, bem feita, mas bem feita pra valer, numa mistura deliciosa de entrega+tesão+verdade+carinho.
  E pouco importa se é casada, comprometida ou não, afinal estamos falando e de sexo!
  Sexo bem feito, suuuper bem feito,  não nos livra dos problemas, claro que não! Continuamos querendo fazer dieta, nosso filho continua pegando virose, nosso chefe continua um porre, o trânsito uma merda, o orçamento um caos, ainda menstruamos e temos TPM, mas em fases de bem comida seguramos tudo com mais serenidade, impossível negar!
  E quando algum problema que tivermos vivendo, tornar o sexo impossível, ou mais difícil de rolar, porque isso acontece também, o bem comida deve ceder lugar ao bem tratada e o sexo vira carinho, beijo na boca, colo ou apenas presença e abraço! Não importa, o resultado será o mesmo, vamos atravessar o caos com mais suavidade!
  Mulher com tesão em dia, o sorriso brota fácil no rosto, a gargalhada soa de verdade, a paciência expande, a vontade fazer, melhorar, acordar, viver, mudar, aumenta, pulsa, grita.
  Concordem ou não, já experimentei os dois lados, fazer sexo e tesão em dia. E nos dois períodos, experimentei caos pessoais que teriam me tirado o norte. 
  A diferença? Nos anos de bem comida, me acabava em lágrimas lamentando os problemas e momentos depois, era capaz de me sentir pronta para dominar o mundo, de sorrisão no rosto, levinha, levinha!
  Nos tempos de comida apenas, os problemas continuavam sendo problemas... 
  Acho que o corpo satisfeito, plenamente satisfeito de gozo e prazer se renova e renova a alma, acho que deve ser isso...
AN