Relacionamentos

                                       SE ME TRAIR, EU TE MATO! MATO?                                           

  Numa conversa recente com um amigo querido, ele me contou com uma expressão assustada, que durante um papo com sua esposa, quando o tema era traição, ela olhou nos seus olhos e afirmou categoricamente: "se você me trair, eu te mato!".
  Adoro este lado feminino, mais divertido que isso, só mesmo esta credulidade masculina, quando nos armamos com nossa melhor cara de má e soltamos esta ameaça.
  O que esquecemos de contar a eles é que este é quase um mantra no nosso universo, "se me trair, te mato"! E o pior é que eles de fato se sentem ameaçados de morte, acreditam nesta possibilidade..rs
  Meninos, respirem, relaxem. Esta é só uma frase tipicamente feminina como tantas outras, é só dar uma olhadinha ao redor: quantas mulheres de fato matam seus homens por serem traídas? No máximo puxam os cabelos e dão uns tapas,...mas na amante na maioria dos casos!
  Falamos isso para demonstrar poder, mostrar força, determinação, marcar nosso território machistamente e principalmente, porque sabemos que vocês irão acreditar e com isso temos a esperança, remota é verdade, de que pensem 100 vezes antes de pular a cerca, ou então porque estamos praticamente certas de que já ganhamos um adorno cefálico, dai, esta frase é puro desespero mesmo, receio de perder o posto!
  Mulher traída quase sempre se volta é contra a outra mulher, e nem é pra matar também, é pra descer do salto mesmo, puxar cabelo, morder, bater na cara e claro, chamar a plenos pulmões : "vagabunda"!!!!! Não importa se a amante tiver 2 empregos, para uma mulher traída, a outra será sempre vagabunda!
  Despeito puro, inveja feminina, necessidade de entender o que afinal seu querido viu em alguém tão sem graça? Mesmo se o cara tiver tendo um caso com a sócia da Flávia Alessandra, isto não irá fazer a menor diferença, a outra já nasce destinada a ser uma vagabunda sem graça nenhuma!
  Quanto ao traidor cachorro, se ele fizer um sacrifício, incorporar uma raça mais dócil tipo perdido na mudança, se armar de uma voz melosa e concordar que a outra não tem graça nenhuma, não precisa concordar que é vabagunda, basta dizer que não tem graça, poderá até ter alguma chance de perdão!
  No fundo não existe mulher durona que resista a um "doce e perdido cachorro de latido manso", mesmo que seja apenas para preservar o patrimônio, a aposentadoria, ou os móveis da sala!



                       O PUDIM E A LINGERIE                        



  Numa conversa com uma amiga outro dia, ela fez uma confissão que me soou inusitada!
  Ela que está separada há 3 anos, contou que nos tempos finais do seu casamento quando era claro para ambos que estavam caminhando para o divórcio, ainda faziam sexo eventualmente e era nítido o desejo, o tesão que ele tinha por ela, mesmo ela sabendo que ele já tinha outra há mais de 01 ano!
  O sexo segundo ela, era "normalzinho", sem muito calor nem muito suor e ela até preferia que não acontecesse, mas jovem, cheia de energia e sem ninguém a mão, melhor dar pro marido mesmo!
  Gozava, dormia e tudo permanecia igual!
  E isso confessou, alimentava seu amor próprio, sua vaidade! Mesmo não o amando mais, não se sentindo atraída mais por ele, gostava da sensação de saber que era desejada, que o excitava ainda!
  Até a madrugada na cozinha!
  Ela levantou no meio da noite e foi comer pudim vestida apenas de lingerie. Nova, rendada, pequena e preta. Modelo preferido dele!
  No início o pensamento era só o pudim mesmo, mas dai ele também se levantou e foi até a cozinha beber água. Bastou para ela se sentir na primeira das 9 Semanas e 1/2!
  Sabia que seu corpo era bonito, que tinha um cheiro suave, que a lingerie era linda, e passou a achar pudim a coisa mais erótica do mundo, já se imaginando em cima da mesa, lambuzada com a calda!
  Mas, o marido permaneceu sentado, copo de água na mão e o assunto foi o preço que iria ficar a reforma do banheiro!
  Falaram da nova ducha, do revestimento, que branco não era uma boa cor, que o boxe deveria ser maior, que a banheira não precisava ser trocada, que toalhas brancas acabam encardindo, que sabonete liquido dura pouco, que o adoçante acabou, que as notas do filho aumentaram, mas nada de calcinhas, nada de pudim, nada de sexo!
  Acabou o pudim, terminou a água e foram pra cama, dormir bunda com bunda!
  Dali os dias passaram a ser iguais! Ela podia parar nua em frente a tv que ele iria sorrir e pedir licença apenas, o contato mais erótico que tinham era um tapinha no bumbum eventualmente. Claro com ela vestida de jeans e rodeada de amigos!
  Pronto! Se sentiu feia, não desejável, menos mulher! Foi como se bastasse um pudim para exterminar todo seu poder de sedução, toda sua segurança!
  Ela sabia que não o desejava mais fazia tempo, que o sexo com ele havia se tornado simples dever de casa e confessou que nunca tinha sido uma perfeição mesmo, nem nos melhores anos do seu casamento, mas que queria que ainda assim ele a desejasse!
  Meio confuso achei! Ela não sentia tesão algum por ele, fazia sexo por obrigação, mas queria que o coitado continuasse ali, armado a cada vez que a visse comendo pudim de lingerie preta!
  Santa e prepotente vaidade feminina!


                                 
MOSAICO
                                                     

  Onde mesmo que as relações se perdem?
  Em que momento deixamos de amar ou nos perdemos de alguém?
  Perder não é o contrário de ganhar? E se possuímos aquilo que ganhamos, existe de verdade alguma vida inteligente por trás da idéia de que possuímos alguém?
  A gente segue sabendo que amores vão e vem, que adoecem, que morrem e se reinventam todos os dias. Alguns com serenidade outros de forma meio grega, mas quando a tragédia vira vizinha de esquina, assusta!
  Que ainda vivemos em era machista, todos sabemos, mesmo fingindo não saber e não recrimino isso da maneira fervorosa que algumas mulheres fazem. Pelo contrário, gosto da idéia de pensar que posso ter um homem para cuidar de mim, que possa ser mais forte do que eu, um principe encantado com toques de Wolverine, mas sem nada de homem das cavernas, por favor!
  Dai, houve um dia, numa de minhas esquinas, que um tal Sr. Caverna resolveu que tinha  direitos sobre sua doce princesa, só porque ela resolveu que não queria mais dividir aquele castelo com ele! E armado de uma insana testosterona agrediu!
  De onde sai esta idéia torta de que somos de alguém? De que isso é definitivo e imutável?
  Do princípio talvez! 
  Somos nós mulheres quem gestamos, parimos e criamos nosso meninos, que um dia tornarão-se homens, e em muitas famílias é visível a diferença de ensinamentos entre filhas e filhos! 
  Se o menino tem um brinquedo tomado por um coleguinha o conselho que provavelmente irá ouvir é algo como:"-pare de chorar, vá lá e pegue de volta o que é seu". Se for para uma menina:"-pare de chorar minha filha, a mamãe te compra outro". Se ele apanha no colégio:"-você deveria ter revidado, não pode apanhar e ficar quieto". Se ela apanha no colégio:"-pode deixar que vou conversar com a diretora minha filha".
  Filhas podem ser indecisas, filhos precisam saber o que querem, filhos podem brigar pelo que julgam ser seu, filhas podem simplesmente manter a compostura....
  E vamos seguindo assim, criando nossos pequenos monstrinhos!
  Mulher abandonada a sociedada abraça, acalenta, recebe como a vítima "daquele cachorro"! Homem largado a sociedade chama em silêncio de fracassado ou corno, ou de corno fracassado mesmo!
  Mulher que trai é vagabunda, homem que trai é homem somente!
  Se o sujeito leva chifres é porque não teve competência pra dar conta da sua mulher, se a mulher leva chifres é porque o marido é sem vergonha mesmo e não deu valor a mulher que tem!
  A idéia do "até que a morte nos separe" ainda assombra até as mais modernas, que quando encontram sua cara metade, resolvem acreditar que tem que ser pra sempre e que nada nem ninguém nunca vai mudar!
  Cara metade! Quem disse que nascemos pelo meio?
  Cismamos com a idéia de que cabe ao outro nos fazer feliz, que só vou ser feliz de verdade se ele ou ela tanto faz, me amar, me respeitar, me admirar, me desejar, me tolerar sem reclamar,...me...me...me....e assim tiramos de nossa própria responsabilidade o dever de sermos felizes! Afinal, "agora que te encontrei, você me fará feliz"!
  Daí, um dia nosso Wolverine, ou a princesa, percebem que o prazo de validade venceu, que o sentimento mudou, que outra pessoa chegou, mas tiranamente alguém diz que isso não pode ser!
  É desrespeito, ingratidão, desamor, sacanagem...E esqueçe que não "somos" de ninguém, "estamos" de alguém, o que é bem diferente!
  E se por acaso for a princesa quem admitiu que quer mudar de estorinha, o final pode ser trágico, afinal criamos nossos homenzinhos para brigarem pelo que é seu, lembra da infância? E olhamos homens abandonados como fracassados, lembra disso também?
  A vida é inconstante, impermanente, estamos em movimento o que não significa de forma alguma desrespeito, negação ao casamento ou a família! 
  É apenas a vida mesmo!
  E o melhor dela é exatamente isso, sua impermanência, suas mudanças.         Uma relação tem que durar o tempo em que for bom para ambos, saudável para ambos e mesmo que adoeça ou morra somente para um, ao outro o único direito que lhe restará será o de chorar, pedir pra ficar, argumentar, se descabelar, se desesperar, mas depois juntar seus pedaços, encontrar um bom travesseiro e chorar baixinho, respeitando o espaço alheio e agradecendo pelo tempo que pertenceu aquela história! 
  Não importa o final, se ela foi boa, deve ser lembrada assim! 
  É o que compartilhamos que vai montando nosso mosaico, e pra que o resultado fique bom quando olharmos no final dessa história, precisamos ser delicados com nossos atos e a maneira que os colocamos em nossa vida!
  Simples assim!

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