terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mosaico

  

                                                     

  Onde mesmo que as relações se perdem?
  Em que momento deixamos de amar ou nos perdemos de alguém?
  Perder não é o contrário de ganhar? E se possuímos aquilo que ganhamos, existe de verdade alguma vida inteligente por trás da idéia de que possuímos alguém?
  A gente segue sabendo que amores vão e vem, que adoecem, que morrem e se reinventam todos os dias. Alguns com serenidade outros de forma meio grega, mas quando a tragédia vira vizinha de esquina, assusta!
  Que ainda vivemos em era machista, todos sabemos, mesmo fingindo não saber e não recrimino isso da maneira fervorosa que algumas mulheres fazem. Pelo contrário, gosto da idéia de pensar que posso ter um homem para cuidar de mim, que possa ser mais forte do que eu, um principe encantado com toques de Wolverine, mas sem nada de homem das cavernas, por favor!
  Dai, houve um dia, numa de minhas esquinas, que um tal Sr. Caverna resolveu que tinha  direitos sobre sua doce princesa, só porque ela resolveu que não queria mais dividir aquele castelo com ele! E armado de uma insana testosterona agrediu!
  De onde sai esta idéia torta de que somos de alguém? De que isso é definitivo e imutável?
  Do princípio talvez! 
  Somos nós mulheres quem gestamos, parimos e criamos nosso meninos, que um dia tornarão-se homens, e em muitas famílias é visível a diferença de ensinamentos entre filhas e filhos! 
  Se o menino tem um brinquedo tomado por um coleguinha o conselho que provavelmente irá ouvir é algo como:"-pare de chorar, vá lá e pegue de volta o que é seu". Se for para uma menina:"-pare de chorar minha filha, a mamãe te compra outro". Se ele apanha no colégio:"-você deveria ter revidado, não pode apanhar e ficar quieto". Se ela apanha no colégio:"-pode deixar que vou conversar com a diretora minha filha".
  Filhas podem ser indecisas, filhos precisam saber o que querem, filhos podem brigar pelo que julgam ser seu, filhas podem simplesmente manter a compostura....
  E vamos seguindo assim, criando nossos pequenos monstrinhos!
  Mulher abandonada a sociedada abraça, acalenta, recebe como a vítima "daquele cachorro"! Homem largado a sociedade chama em silêncio de fracassado ou corno, ou de corno fracassado mesmo!
  Mulher que trai é vagabunda, homem que trai é homem somente!
  Se o sujeito leva chifres é porque não teve competência pra dar conta da sua mulher, se a mulher leva chifres é porque o marido é sem vergonha mesmo e não deu valor a mulher que tem!
  A idéia do "até que a morte nos separe" ainda assombra até as mais modernas, que quando encontram sua cara metade, resolvem acreditar que tem que ser pra sempre e que nada nem ninguém nunca vai mudar!
  Cara metade! Quem disse que nascemos pelo meio?
  Cismamos com a idéia de que cabe ao outro nos fazer feliz, que só vou ser feliz de verdade se ele ou ela tanto faz, me amar, me respeitar, me admirar, me desejar, me tolerar sem reclamar,...me...me...me....e assim tiramos de nossa própria responsabilidade o dever de sermos felizes! Afinal, "agora que te encontrei, você me fará feliz"!
  Daí, um dia nosso Wolverine, ou a princesa, percebem que o prazo de validade venceu, que o sentimento mudou, que outra pessoa chegou, mas tiranamente alguém diz que isso não pode ser!
  É desrespeito, ingratidão, desamor, sacanagem...E esqueçe que não "somos" de ninguém, "estamos" de alguém, o que é bem diferente!
  E se por acaso for a princesa quem admitiu que quer mudar de estorinha, o final pode ser trágico, afinal criamos nossos homenzinhos para brigarem pelo que é seu, lembra da infância? E olhamos homens abandonados como fracassados, lembra disso também?
  A vida é inconstante, impermanente, estamos em movimento o que não significa de forma alguma desrespeito, negação ao casamento ou a família! 
  É apenas a vida mesmo!
  E o melhor dela é exatamente isso, sua impermanência, suas mudanças.         Uma relação tem que durar o tempo em que for bom para ambos, saudável para ambos e mesmo que adoeça ou morra somente para um, ao outro o único direito que lhe restará será o de chorar, pedir pra ficar, argumentar, se descabelar, se desesperar, mas depois juntar seus pedaços, encontrar um bom travesseiro e chorar baixinho, respeitando o espaço alheio e agradecendo pelo tempo que pertenceu aquela história! 
  Não importa o final, se ela foi boa, deve ser lembrada assim! 
  É o que compartilhamos que vai montando nosso mosaico, e pra que o resultado fique bom quando olharmos no final dessa história, precisamos ser delicados com nossos atos e a maneira que os colocamos em nossa vida!
  Simples assim!

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